TCC 2015

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CTCC Bauru para Pacientes.

Paciente, seja bem vindo, utilize este blog como um instrumento que pode auxiliar você a evoluir em sua terapia; ajudando você a lembrar ou esclarecer dúvidas sobre aspectos trabalhados em nossas sessões. Contribua com perguntas, comentários, sugestões e críticas.



Lembre-se: a evolução começa a partir do momento em que você compreende "que não são as situações que alteram o nosso humor e os nossos comportamentos, mas sim o que pensamos sobre elas.



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Coordenador: Arnaldo Vicente, Especialista em TC.



terça-feira, 4 de maio de 2010

TEMPERAMENTO MAIS QUE FORTE: TEMPERAMENTO BIPOLAR.

Os conceitos de depressão e mania existem há séculos e Hipócrates já havia descrito pacientes com melancolia, atribuindo-lhe causa biológica. Entretanto, somente a partir do século passado ficou claro que depressão e mania representavam dois estágios de uma mesma doença. Veja as dezoito perguntas respondidas por Arnaldo Vicente no programa Rádio Mulher, em 2007, em Bauru-SP.

Até o início dos anos oitenta o transtorno do humor (ou afetivo) bipolar era conhecido como psicose maníaco-depressiva, mas a partir dos anos setenta foram estudadas também formas mais leves de euforia, como a hipomania. Com isso, o termo psicose, que denotava maior gravidade, deixou de ser apropriado para a maioria dos pacientes.

1- O que são Transtornos de Humor?

Transtornos do humor (ou afetivos) são enfermidades em que existe uma alteração do humor, da energia (ânimo) e do jeito de sentir, pensar e se comportar.
Acontecem como crises únicas ou cíclicas, oscilando ao longo da vida. Podem ser episódios de depressão ou de mania.
Na depressão a pessoa sente tristeza exagerada e desânimo e na mania um aumento da energia e euforia anormal.
A maioria dos pacientes sofre apenas de depressão(ões) e alguns também têm manias. O termo mania não significa "mania de fazer alguma coisa" ou algum tique - é simplesmente o nome dado para a fase de euforia da doença maníaco-depressiva. Às vezes surgem sintomas depressivos e maníacos simultaneamente, os chamados estados mistos.

Os sintomas de euforia e depressão podem variar de um paciente a outro e no mesmo paciente ao longo do tempo, muitas vezes confundindo a ele e seus familiares.

2- O que significa BIPOLAR?

Os transtornos do humor podem acontecer ao longo da vida dentro de um curso unipolar ou bipolar.
No unipolar só ocorrem depressões e no bipolar depressão e mania. Pacientes que só tem manias são raros e contam como bipolares, porque costumam desenvolver depressão cedo ou tarde.

3- Que tipos de Transtornos do Humor existem?

Os transtornos do humor podem ter freqüência, gravidade e duração variáveis. Portanto, a depressão pode ser única ou recorrente (repetir-se várias vezes), de intensidade leve, moderada ou grave e durar semanas, meses ou anos.
Se os sintomas persistirem por anos são chamadas de crônicas. Se for leve ou moderada, a pessoa ainda consegue realizar suas atividades, com esforço, algo impossível se ela for grave.
A maioria das pessoas que sofre de depressão não acha que está doente porque não está gravemente deprimida, ou seja, incapacitada, desesperada ou angustiada.
Também tem a distimia que é um tipo de transtorno do humor com sintomas depressivos mais leves que da depressão, porém duradouros e oscilantes, em que predominam irritabilidade e mau-humor.
Freqüentemente é confundida com a personalidade da pessoa e costuma evoluir para depressão.
Basta uma única fase de hipomania ou mania, precedida ou não de qualquer tipo de depressão acima mencionado, para diagnosticar transtorno do humor bipolar. Depois da primeira (hipo)mania geralmente alternam-se depressões e euforias de intensidade variável.

4- Existem quantos tipos de Transtorno Bipolar?


Existem 3 tipos de transtorno bipolar.
Bipolar tipo I: se houve pelo menos um período de mania ou estado misto;
Bipolar tipo II: quando só aconteceram hipomanias - crises de euforia mais leves que mania;
Bipolar tipo III: o estado misto - que caracteriza-se pela superposição ou alternância num mesmo dia de sintomas depressivos e eufóricos importantes.

Na ciclotimia se alternam durante anos sintomas de depressão e de euforia ainda mais leves, que duram apenas alguns dias. Pode ser confundida com um jeito de ser "instável", "cheio de altos e baixos" e freqüentemente antecede sintomas depressivos e eufóricos mais graves.

Se a depressão, a mania ou o estado misto estiverem acompanhados de alucinações (sentir, ver ou ouvir algo que não existe) ou delírios (pensar algo irreal, como achar-se culpado de coisas que não fez, que está sendo perseguido, que possui poderes especiais, etc. ) trata-se do sub-tipo psicótico.

O transtorno do humor bipolar também pode ser chamado de transtorno afetivo bipolar ou doença maníaco-depressiva.

5- Qual a freqüência dos Transtornos de Humor e quem corre mais risco?

Os transtornos do humor atingem mais de 20 % da população em algum momento da vida.
As depressões são duas vezes mais comuns em mulheres que homens.
Iniciam-se em geral entre os 20 e 40 anos de idade e vitimam 16 a 18 % das pessoas.
Transtornos do humor bipolares tipo I atingem igualmente 1 a 2 % dos homens e mulheres e começam geralmente entre 15 e 30 anos de idade.

Ao redor de 5 % da população pode desenvolver a forma bipolar tipo II, mais comum em mulheres. Apesar de infreqüentes os transtornos do humor atingem crianças, com sintomas ansiosos e irritabilidade predominantes.

6- Quais são as causas do Transtorno do Humor Bipolar?

Desconhece-se as causas exatas do transtorno bipolar, mas aparentemente o fator genético é determinante.
Existe uma interação complexa entre fatores ambientais e internos com graus variáveis de vulnerabilidade genética.
Inúmeros estresses podem desencadear ou mesmo manter as primeiras crises. Dificuldades financeiras, doença na família, perda de uma pessoa importante, uso de drogas, de inibidores de apetite, parto, etc. podem desencadear a doença em pessoas predispostas.

Parentes de primeiro grau de pacientes com transtorno bipolar do humor podem ter diferentes tipos de transtornos do humor: unipolar, bipolar tipo I ou II, ciclotimia ou distimia.

É muito comum a pessoa atribuir a acontecimentos importantes, a problemas financeiros, profissionais ou sócio-familiares razões para entrar em depressão ou (hipo)mania.
É mais comum ainda que ao menos parte desses problemas sejam conseqüência dos sintomas iniciais da doença, que se agravam a partir daí.

7- Quais são os sintomas da Depressão?

Na depressão a pessoa fica com o humor para baixo, sente-se triste, apática, angustiada, ansiosa. Cai o nível de energia, aparece desânimo, dificuldade em sentir prazer na vida como antes, inclusive sexual. Ocorre uma lentificação psíquica e física, paradoxalmente associada a desassossego quando a ansiedade for intensa. Fica difícil se concentrar, a memória falha, o raciocínio não flui mais. A mente é invadida por um onda de pessimismo, de idéias e preocupações negativas.
Surgem sentimentos de culpa, insegurança, medo, inutilidade, solidão, burrice, inadequação, fracasso, baixa auto-estima, falta de sentido. Tudo é avaliado dentro de uma visão negativa distorcida: passado, presente e futuro. Podem aparecer pensamentos de morte e alucinações. Ocorrem alterações de apetite e/ou peso. O tempo de sono pode aumentar ou diminuir, mas o sono deixa de ser reparador. Freqüentemente há queixas de dores e mal-estar físico, resultando em várias visitas médicas sem sucesso, antes de se diagnosticar depressão.

8- Como identificar a Depressão?

A depressão geralmente passa desapercebida, porque para a maioria das pessoas é leve a moderada, comprometendo menos a capacidade da pessoa. Geralmente ela é sentida quando aparece angústia, sofrimento psíquico, muita ansiedade. È importante saber que a irritabilidade é um sintoma muito comum e nunca representa uma característica de personalidade.

9- Qual a diferença de uma tristeza normal?

Sentimentos de alegria, tristeza, "fossa", angústia ou luto fazem parte da vida.
O deprimido aumenta as suas dificuldades, tem uma sensação de incapacidade e não consegue mais solucionar seus problemas - ou vê problemas onde não existem.

10- Como é a Mania?

O termo mania significa um estado mental alterado em que a pessoa se sente eufórica, acelerada e/ou muito irritada, "pavio curto", podendo tornar-se agressiva verbal e fisicamente.
Ocorre agitação ou inquietação, aumento da energia e redução da necessidade de sono.
Os pensamentos se aceleram, aumenta a quantidade de idéias, a pessoa não consegue falar tudo que vem à mente ao mesmo tempo.
Não consegue manter a atenção num único tema, começa a fazer muitas coisas ao mesmo tempo e não consegue terminar, tudo se torna importante.
Tudo precisa acontecer imediatamente, há brigas e discussões.
Os sentimentos podem ser de alegria exagerada e grande euforia ou mesmo de agitação incômoda e sofrida. Surgem autoconfiança e otimismo extremos, sensações de poder, influência, capacidade, inteligência, riqueza.
Ela pode ter alucinações e achar-se imbuída de poderes ou dons especiais. Súbitos sentimentos de depressão podem vir e logo desaparecer. Muitos planos vêm à mente, ocorrem gastos excessivos, endividamentos, negócios irresponsáveis ou precipitados. Aumenta o contato social, a pessoa fica desinibida, deixa de se comportar de acordo com seu padrão. Na esfera sexual aumenta a libido, a desinibição, o erotismo.
Em geral falta autocrítica, porque a pessoa sequer percebe as mudanças ou não as vê como algo ruim ou incompreensível.

Como na depressão, nem todos sintomas necessitam estar presentes para que o médico faça o diagnóstico.

11- Como é a Hipomania?

Na hipomania o grau de aceleração psíquica é menor que na mania.
È comum aparecer antes ou depois de uma depressão e durar alguns dias.
Os sintomas são os mesmos, de menor gravidade e a pessoa não tem sintomas psicóticos. O humor geralmente é irritável e a pessoa se torna provocativa (achando sempre que os outros a provocam). O aumento de energia pode ser produtivo, mas a pessoa se dispersa mais e perde mais tempo em detalhes. Pode ter menos necessidade de dormir, tornar-se exageradamente otimista, segura de si, arrogante, enfim, sentir-se acima dos outros. Aumentam as idéias, os planos, os gastos, a libido.
Como na mania, a pessoa justifica toda a alteração do comportamento atribuindo-a a circunstâncias da vida, mas por ser menos séria freqüentemente não é diagnosticada.

12- Como é o Estado Misto?

Como o próprio nome diz, nessa situação ocorrem simultaneamente sintomas depressivos e maníacos acentuados.
A pessoa pode acordar em pleno sofrimento e lentidão depressiva, ir melhorando e sentir-se progressivamente mais eufórica com o passar do dia, ou o inverso. Também pode sentir-se muito agitada, acelerada, fazendo gastos e ao mesmo tempo queixar-se de angústia, desesperança, pessimismo, vontade de morrer, ou seja, sentir-se ao mesmo tempo exaltada e deprimida.
Freqüentemente ocorrem estados mistos na passagem de uma fase de (hipo)mania para depressão ou vice-versa.

13- O que acontece se não se tratar?

Existe a possibilidade dos sintomas melhorarem sem qualquer tratamento após semanas, meses ou anos. Mesmo antes de haver medicamentos eficazes, sabia-se que o paciente podia ter apenas um episódio de depressão na vida, com anos de remissão, antes de se reiniciarem os sintomas, ou apresentar episódios anuais ou intervalos de tempo cada vez menores alternados com períodos de doença cada vez maiores ao longo do tempo. É importante saber que com tratamento o estado maníaco ou depressivo passa mais rápido, sem deixar seqüelas.

Pessoas que sofrem de transtorno bipolar levam em média 8 anos antes de serem diagnosticadas e/ou receberem tratamento adequado. Neste período e antes que seja totalmente controlado os pacientes tiveram sofrimento físico e psíquico imensurável e podem ter acumulado perdas irreversíveis nos relacionamentos afetivos, nos estudos e no trabalho. Isto significa separações, repetência, incapacidade de adquirir uma profissão, perda do emprego, invalidez precoce ou mesmo morte. Na depressão tudo se torna difícil e custoso: estudar, trabalhar, conviver com as pessoas. Comprometem-se relacionamentos afetivos, na família, com o cônjuge, ou com colegas e amigos. Para atenuar o sofrimento, muitos se tornam usuários de tranqüilizantes, álcool ou drogas. Além das perdas já mencionadas, a pessoa pode correr risco de vida por negligenciar cuidados com a saúde ou por suicídio.

Durante a mania a pessoa se sente ótima e não consegue avaliar as conseqüências da irritabilidade, desinibição e sociabilidade na esfera pessoal. Atitudes tomadas durante a (hipo)mania podem resultar em rompimentos conjugais, com familiares e amigos ou em ruína financeira e endividamentos. Há risco de adultério, de gravidez indesejada, de contrair doenças sexualmente transmissíveis. Os pacientes podem perder o emprego, arruinar sua reputação, passar a abusar de álcool e/ou drogas. A combinação com o álcool é desastrosa, pelo risco de acidentes, violência e problemas com a polícia.

14- Como tratar alguém com o Transtorno Bipolar?

O aparecimento do transtorno bipolar se deve a uma combinação de fatores, em que aspectos biopsicosociais desempenham papel importante no desencadeamento da doença. Assim sendo, tratamentos medicamentosos, orientação sobre a doença e psicológicos estão indicados. O segredo está no encontro da combinação ideal para cada paciente.

15- Como a família e amigos podem ajudar?

Antes de mais nada é necessário conhecer a doença e o tratamento do transtorno bipolar do humor. Mesmo assim, cada novo episódio representa um desafio, porque se misturam problemas individuais, questões pendentes, características de cada família.

O apoio ao tratamento é fundamental para ajudar o paciente em momentos difíceis a manter os medicamentos na dose certa e no horário prescrito.
Bastam alguns dias sem tomar a medicação ou tomando menos que necessário para que entre em nova crise.
Compreender os sintomas não como seu jeito de ser, mas como doença, alivia muito e reduz o sentimento de culpa no deprimido.
O doente em euforia requer firmeza e paciência, porque o relacionamento se torna mais desgastante. Ele pode recusar as orientações da família, alegando que agora toda vez que se sentir feliz e de bem com a vida logo pensam que está em mania.
A intervenção junto ao médico antes que perca a autocrítica previne conseqüências piores ou eventual internação.

- se os medicamentos estiverem causando efeitos colaterais muito incômodos e o paciente mencionar que quer parar com tudo isso, o médico deve ser informado;

- detectar com o paciente os primeiros sinais de uma recaída; se ele considerar como intromissão, afirmar que é seu papel auxiliá-lo;

- falar com o médico em caso de suspeita de idéias de suicídio e desesperança;

- compartilhar com outros membros da família o cuidado com o paciente;

- estabelecer algumas regras de proteção durante fases de normalidade do humor, como retenção de cheques e cartões de crédito em fase de mania; auxiliar a manter boa higiene de sono;
programar atividades antecipadamente.

- mesmo depois da melhora, há um período de adaptação e desapontamento; é importante não exigir demais e não superproteger; auxiliá-lo a fazer algumas coisas, quando necessário;

- evitar chamar o paciente de louco ou demonstrar outros sinais de preconceito, que favorecem o abandono do tratamento; tratá-lo normalmente e apontar sintomas com carinho;

- aproveitar períodos de equilíbrio para diferenciar depressão e euforia de sentimentos normais de tristeza e alegria.

16- Como o paciente pode se ajudar?

A pessoa mais interessada no próprio bem-estar é quem está doente.
O paciente com transtorno bipolar do humor tem uma doença que costuma durar a vida toda, que se mantém sob controle com tratamento adequado.
Cabe a ele o esforço de manter o tratamento: é ele quem toma os medicamentos - ou não. Ninguém pode forçá-lo, a não ser em situações que ponham em risco a sua segurança ou a de outros.

17- Quais as dicas para que tem este Transtorno?

Faça refeições nutritivas, se esforce para reduzir o nível de "stress" e faça exercícios regularmente.

• Procure apoio social. Se quiser, você pode contar para as pessoas de sua confiança sobre a doença para que possam saber quando e como ajudar. Às vezes estas pessoas próximas podem detectar os sintomas antes de você e assim ajudá-lo a buscar ajuda o quanto antes. Tente participar de grupos da Auto-Ajuda.

• Não consuma álcool e drogas ilegais.

• Faça um diário para avaliar o seu humor, medicação e ocorrências diárias. Isto pode ajudar a perceber episódios de euforia ou depressão antes destes se tornarem severos.

• Caso você tenha pensamentos suicidas avise um médico, familiar ou grupo de apoio imediatamente. Pensamentos suicidas são sintomas temporários de sua doença que podem desaparecer com o tratamento correto.

• Caso você esteja planejando um tratamento dentário, cirurgia ou vá para o Pronto-Socorro, avise seu médico ou dentista sobre a sua medicação.

• Lembre-se que o transtorno bipolar não define quem você é. Você é um indivíduo que pode administrar a sua doença, monitorar seu tratamento e se sentir melhor.

• Mantenha-se informado sobre o transtorno bipolar. Acredite em sua capacidade de recuperação mesmo quando estiver se sentindo frustrado.


• Durma o suficiente. O sono é um dos elementos mais importantes para se manter o transtorno bipolar sob controle.

18- Quais as dicas para dormir melhor?

• Evite bebidas alcoólicas.
• Evite fumar.
• Evite bebidas com cafeína (café, refrigerantes, chá preto, chimarrão, achocolatados) após às 15:00hs.
• Evite exercícios físicos em horário próximo ao de deitar.
• Evite remédios para dormir sem ter uma prescrição médica.
• Evite dormir com fome ou sede.
• À noite, faça refeições leves.
• Mantenha horários regulares para deitar e levantar.
• Procure um ambiente para dormir sem luminosidade, ruído ou temperaturas desagradáveis.
• Vá para a cama com sono e saia da cama se estiver sem sono.
• Use a cama apenas para sono e sexo (não leia, estude, coma, etc). Deixe as preocupações longe da cama.
Sites importantes:
http://www.abrata.com.br
http://www.bipolaridade.com.br
http://www.drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/teste_valentim.asp

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